O instituto que gere o crédito público português insurgiu-se contra o corte de “rating” anunciado pela Moody’s. Para o IGCP, a Moody “mostrou arrogância” ao emitir uma opinião que se “baseou mais em opiniões do que em provas”.
Os comentários estão incluídos em nota enviada hoje pelo IGCP a todos os "primary dealers" da dívida pública portuguesa e a que o Negócios teve acesso.
O IGCP diz que "a análise da Moody’s é superficial baseada mais em opiniões do que em provas concretas, e mostra alguma arrogância em ignorar algumas das conclusões tiradas pela troika depois de um trabalho intensivo e contactos muito mais vastos".
"A Moody’s nem sequer se encontrou com qualquer membro do novo Governo antes de avaliar os riscos relativos à execução orçamental!", exclama o IGCP.
"A Moody’s não deu o benefício da dúvida a um novo governo eleito com um mandato claro de implementar um ajustamento orçamental ainda mais duro do que o acordado com a troika", acrescenta a agência liderada por Alberto Soares.
O IGCP critica ainda "que um nível de informação tão baixo relativo ao novo governo possa ser associado a uma declaração tão severa: um corte de quatro níveis!". "Ainda mais tendo em conta que este ‘downgrade’ terá um impacto significativo sobre o trabalho do novo governo."
"As autoridades portuguesas continuam empenhadas num programa de ajustamento vigoroso e abrangente e no cumprimento das obrigações internacionais", salienta o IGCP.
A agência promete informar a comunidade internacional de investimento "com a máxima transparência, já que acreditamos que somos capazes de analisar a economia portuguesa para além destas avaliações, ou melhor, opiniões, de publicação individual".