Contra uma "campanha de ódio" de que diz ser alvo "há seis anos", foi um líder socialista rouco, muito rouco, o que foi a Guimarães admitir impopularidade, mas tantando compensar com um discurso de responsabilidade.
Com os protestos de ontem como pano de fundo, José Sócrates deixou a mensagem aos apoiantes: "Tive que tomar muitas medidas difíceis, que puseram em causa a minha popularidade, mas o dever de um governante é estar à altura dos tempos, é nunca recusar as medidas para defender o interesse geral".
A denúncia de uma liderança fraca do PSD seguir-se-ia no alinhamento do discurso. Sócrates voltou ao tema do aborto ("Como é que nuns meses se pode mudar de convicções? Não percebo isso, nem respeito isso"). Mas acabou no tema Novas Oportunidades.
Aqui, o secretário-geral socialista recuperou o que uma mulher terá dito hoje, numa rua, a Passos Coelho ("Venho aqui agradecer-lhe ter-me chamado ignorante"). "A política é assim, temos que ouvir o que não gostamos", disse Sócrates, não largando o tema: "A jovem insistiu e o líder não arranjou outra forma de responder senão dizer: «espero que o curso lhe sirva para alguma coisa". Essa jovem está a dar o seu melhor, mas este é o esforço que todas as lideranças políticas deviam valorizar. Como é possível desconsiderar o esforço dos outros? Estava porventura a dizer que mais valia não estudar... Bom era antigamente só quando as elites tinham oportunidades?!".
No pavilhão, os militantes e apoiantes aplaudiam. Sócrates, quase sem voz, fechava desculpando-se: "Acabei de falar mais do que seria aconselhável ao nível da minha voz." No início, tinha começado quase da mesma forma: "Eu sei, tenho que poupar a voz, mas não quero deixar de vos falar, vou é falar um pouco mais baixo".