A ministra da Saúde, Ana Jorge, desafiou hoje o líder do PSD a esclarecer que "cuidados de saúde deixa de fora" do cabaz básico a que aquele partido "se propõe reduzir o Serviço Nacional de Saúde" (SNS).
Ana Jorge, que falava hoje, de manhã, numa conferência de Imprensa, em Coimbra, enquanto cabeça de lista do PS pelo círculo eleitoral daquela cidade, afirmou que o PSD, ao "propor uma reavaliação do que chama o Plano Universal de Benefícios", está "a pôr em causa a oferta que tem hoje o SNS".Com aquele plano, os cidadãos passarão a ter "apenas direito a um pacote limitado de cuidados", criticou Ana Jorge, sublinhando que tudo o que estiver para além daquele Plano, "para além do cabaz básico, está fora do SNS" e será "integralmente suportado pelas pessoas". Se, "como diz o PSD", tudo o que está no seu programa eleitoral foi "estudado, testado e ponderado", então, desafia a ministra, "já sabe responder à pergunta que aqui lanço ao líder do PSD: que cuidados deixa de fora deste 'Plano Universal de Benefícios', do cabaz básico?" "A transparência democrática impõe ao PSD a resposta a esta questão", sustentou.
Mas os sociais-democratas propõem também "o fim do carácter tendencialmente gratuito do SNS", acusou Ana Jorge, afirmando que foi isso que o PSD "propôs no seu projeto de revisão constitucional" e "é o que volta a propor no seu programa". "O cabaz básico é o único garantido como tendencialmente gratuito", disse, salientando que "todos os cuidados que estão fora" dele serão "pagos por cada cidadão -- isto chama-se co-pagamento na saúde". "O PSD vem nestas eleições romper um grande consenso social", sustenta a ministra da saúde, considerando que os sociais-democratas ao colocarem "a gratuitidade dos cuidados no momento da doença, bem como a universalidade da sua oferta", põem em causa SNS.
Sem a contribuição de toda a sociedade, através dos seus impostos, não há SNS", defendeu a cabeça de lista dos socialistas por Coimbra, sublinhando que "um SNS para pobres, a curto prazo, transforma-se num pobre SNS". O PSD está a fazer "uma tentativa descarada" para destruir o SNS, considerou António Arnaut, que também participou, com o líder distrital do PS/Coimbra, Mário Ruivo, na conferência de imprensa.
O programa do PSD, no que à saúde diz respeito, "foi "feito a mando dos grandes grupos económicos que trabalham na saúde como um negócio", acusou o antigo ministro e fundador do SNS. "A minha esperança é que o PSD não ganhe as eleições", mas se ganhar, "temos o Presidente da República, que tem de defender a Constituição, e temos o povo, que sairá à rua para defender o SNS", acredita António Arnaut.