O ministro das Finanças da Irlanda veio hoje a público dizer que a Europa está mais preocupada com o efeito da crise grega sobre a Espanha e outras grandes economias da zona euro do que sobre a Irlanda e Portugal.
As declarações de Michael Noonan foi feita na televisão estatal do seu país, a RTE, e evidencia que o verniz começa a estalar já em público entre os países da zona euro, a braços com uma crise que levou já à necessidade de resgate financeiro a três dos seus países periféricos.
“As autoridades com quem falei acreditam que podem impedir o contágio de se alastrar à Irlanda e a Portugal, mas têm, algumas preocupações sobre as maiores economias europeias, e vão estabelecer aí o limite”, afirmou, citado pela agência Reuters.
Disse ainda presumir que, à medida que for necessário, os europeus “criarão outros instrumentos de política” de que precisarem para lidar com a situação, mas sem avançar de que tipo seriam, mostrando-se céptico quanto à possibilidade de no Outono os gregos conseguirem aplicar as medidas de austeridade com que se comprometerem, devido à fraca capacidade do seu sistema fiscal para cobrar impostos.
Soros vê um país a sair do euro
Entretanto, o multimilionário especulador George Soros, conhecido também pela sua dedicação à filantropia, veio hoje a público manifestar preocupações do mesmo teor e dizer que acredita que um país acabará por deixar a zona euro, sem dizer em qual estava a pensar.
“Estamos à beira de um colapso económico que começa, digamos, na Grécia, mas que pode alastrar facilmente”, disse Soros num painel de debate em Viena (Áustria) sobre se a democracia liberal está em risco na Europa, citado pela agência Bloomberg.
Reiterou a sua posição de que o euro teve uma deficiência básica de início, por não se apoiar numa união política ou num sistema fiscal comum e disse que “o euro não teve precaução com as correcções. Não houve disposições para a saída de um país do euro, o que nas actuais circunstâncias é provavelmente inevitável”. Afirmou também que de momento as autoridades estão basicamente a “comprar tempo”.
Soros, que no início dos anos 1990 ganhou mil milhões de dólares a especular contra a libra esterlina e a atirou para fora do sistema de paridades entre divisas europeias então existente, instou também os países do euro a definirem rapidamente disposições para a saída de países da moeda única e não exclui uma desintegração da UE se não houver mudanças estruturais.