Recorrer aos bancos para fazer um empréstimo para pagar as férias poderá não ser a melhor solução. Há outras alternativas mais atractivas para pagar as suas férias.
Antes de começar a ler este artigo há uma ressalva a fazer: quem não tem dinheiro para pagar a pronto as suas férias de sonho, deve optar por fazer férias adequadas ao tamanho da sua carteira. A situação económica do País e as medidas de austeridade impõem ao Estado, às empresas e às famílias uma moderação no recurso ao endividamento. E a ordem é clara: poupar sempre que possível e não contrair novos créditos. Quem mesmo assim - e apesar de todas as advertências - quiser apostar numa viagem de sonho e esquecer a crise, o Diário Económico dá-lhe várias sugestões de financiamento a ter em conta para encontrar a melhor solução sem colocar em causa a saúde do seu orçamento.
Sempre que possível, recorra ao crédito com 0% de juros que algumas agências de viagem oferecem. O problema é que são poucas as agências que têm esta possibilidade e as que oferecem impõem algumas limitações. Por exemplo, na agência Abreu os consumidores podem obter uma linha de crédito a pagar em cinco ou 12 mensalidades, sem juros. No entanto, esta facilidade não pode ser aplicada em destinos que se encontram em desconto ou promoção, destinando-se apenas à compra de "viagens organizadas". Além disso, quem optar pela modalidade a 12 meses terá de dar uma entrada inicial de 25% do valor da compra. Também na Geostar é possível fazer um crédito para pagar as férias com 0% de juros (com mensalidades a cinco a 12 meses) mas, mais uma vez, esta facilidade não se aplica a compras de viagens em promoção.
Caso não opte pelo financiamento a 0% prestado pelas agências de viagem existem outras soluções alternativas ao crédito bancário para pagar as suas férias. Uma delas poderá passar pelo recurso ao saldo da conta-ordenado ou mesmo pelo recurso ao cartão de crédito. Através das simulações feitas pelo Diário Económico - nas linhas telefónicas de apoio ao cliente e directamente nas agências dos bancos - é possível verificar que as próprias instituições financeiras estão a encaminhar os clientes para outras soluções financeiras alternativas ao crédito pessoal.
Na CGD, por exemplo, através da linha telefónica de apoio ao cliente, a funcionária sugeriu ao cliente-mistério a comparação entre as taxas praticadas na contratação de um crédito pessoal e os juros associados à utilização do cartão de crédito. "É possível que consiga juros mais baixos se optar pelo parcelamento da dívida com o cartão de crédito do que se fizer um crédito pessoal", explicou a funcionária. Também no BCP foi desaconselhado o recurso ao crédito pessoal. "Se não tem um envolvimento considerável com o banco, dificilmente lhe concederemos um crédito pessoal", referiu o funcionário de uma agência do BCP em Lisboa.
E não é difícil perceber a cautela que algumas instituições mostram na concessão de financiamento às famílias portuguesas. Pressionados pelas novas metas impostas pela ‘troika', os bancos têm de diminuir os rácios de alavancagem. Um objectivo que só poderá ser atingido de duas formas: menor concessão de crédito e maior captação de depósitos.
A prudência da banca, principalmente, no que se refere à concessão de crédito pessoal, é sentida em diversos níveis. Alguns bancos, como a CGD, por exemplo, exigem um fiador para a obtenção de crédito para financiar férias no valor de 3.000 euros. Outros exigem a contratação de dois tipos de seguro: um seguro de vida e uma apólice de protecção de crédito.
Além disso, os consumidores devem olhar de forma cuidadosa para todas as condições de um crédito pessoal e analisar a TAEG (taxa anual efectiva de encargos global) para comparar os encargos totais do crédito. As simulações feitas em quatro dos maiores bancos mostram que esta TAEG pode atingir os 19% (ver tabela). É que além dos juros e dos seguros, os consumidores têm ainda de suportar comissões que podem ser elevadas.
Nas quatro simulações feitas pelo Diário Económico, as comissões de contratação de um crédito variavam entre os 50 euros na CGD e os 120 euros cobrados no Montepio. Contas feitas, pagar as férias usando o crédito pessoal no valor de 3.000 euros a pagar em 24 meses comportaria um pagamento de uma prestação mensal que variava entre os 140 e os 154 mensais. Isto significa que no final deste empréstimo, o cliente teria pago entre juros, comissões e seguros um valor que variaria entre 360 e 697 euros, consoante a instituição. Os números das simulações, apesar de serem indicativos (como todos os funcionários dos bancos o referiram), mostram que recorrer a um crédito pessoal para pagar uma férias de sonho poderá não ser a solução mais indicada.